No ano de 2024, as pessoas com mais de 60 anos representavam cerca de 16% da população brasileira, aproximadamente 34 milhões de idosos. As estimativas para os próximos 10 anos apontam que esse número pode ultrapassar os 20%, o que corresponderia a mais de 40 milhões de pessoas. Esse aumento da população idosa traz consigo uma série de desafios.
Como gestora de pessoas, preocupo-me com a falta de acesso aos serviços de saúde de qualidade, a precariedade no transporte público, a vulnerabilidade financeira e a ausência de uma rede de apoio social efetiva para acolher este público no Brasil e especialmente nas cidades interioranas. Tenho me dedicado à criação de um programa voluntário, para ajudar a transformar a vida das famílias de Bom Despacho, que está sendo planejado, com base na situação que vivencio neste momento.
Há alguns anos, minha mãe foi acometida por diversos micro AVCs isquêmicos, em virtude de hipertensão arterial (pressão alta) e embora no início tenha vivido sem muitas sequelas, é nítida a deterioração cognitiva e o desencadeamento de seu quadro à demência. Para quem não sabe, a demência é um termo abrangente que descreve um conjunto de sintomas que afetam a memória, o pensamento e as habilidades sociais, prejudicando a capacidade de uma pessoa de realizar atividades diárias. Para nossa família, cuidar dela é um ato de amor que vai muito além do físico. Somos presentes e usamos as lembranças que construímos juntos, como pilar para seguirmos firmes conforme o avançar da doença. É um ciclo, um retorno ao início, onde somos os cuidadores e ela é a criança. É normal que ao longo da vida, os filhos cuidem de seus pais, mas isso não torna este processo menos doloroso.
Os primeiros sintomas de demência envolvem dificuldade em lembrar informações recentes, desorientação temporal e espacial, além de dificuldades em realizar tarefas cotidianas. Faço um alerta às famílias, porque muitas vezes atribuímos tudo isso ao cansaço e somente com o passar dos anos, percebemos o quanto somos invadidos pela impotência do agravamento das fases da doença. Cuidar de idosos não é uma tarefa simples e por isso, os asilos vão se sobrecarregando de pacientes deixados pelos familiares, especialmente aqueles que enfrentam demência ou outras dificuldades cognitivas, porque além do desgaste físico e emocional, é oneroso manter uma rede de apoio conforme as necessidades deles.
Em meu caso, caro(a) leitor(a), sabe que amo transformar limão em limonada para deixar a vida mais leve. Assim como fundei a ONG Metástase do Amor para cuidar das famílias com câncer em virtude de um diagnóstico que tive da doença no ano de 2013 e fui sua presidente até o ano de 2020, onde deixei a administração para, por meio da política, buscar recursos para construção de sua sede, estou encabeçando um projeto lindo para cuidar de nossos idosos. Vou precisar de quem quiser se unir a mim nesta jornada de amor, que nomeio carinhosamente como CALMOTERAPIA e que em breve, conhecerá.
Encerro por aqui com uma dica motivacional da Ju para ser feita em qualquer idade e que mantenha sua rotina de vida sustentável, para viver bem. Capriche na prática de hábitos saudáveis (alimentação equilibrada, banho de sol, sono adequado, hidratação,…), faça consultas regulares para facilitar o diagnóstico precoce de doenças, estimule suas habilidades cognitivas (quebra-cabeça, jogo de memória, caça-palavras,…), físicas (jardinagem, hidroginástica, culinária,…) e artísticas (música, leitura, pintura,…), tenha um diário de emoções onde relate suas conquistas e desafios, porque amanhã será você o(a) idoso(a) e precisará se reencontrar com a sua versão de hoje, para se ressignificar e lembrar que ainda está aí e a vida pode ser bela.