Os primeiros bebês reborns surgiram na década de 90, nos Estados Unidos, para auxiliar em treinamentos médicos e de primeiros socorros, simulando a aparência e o peso de um bebê recém-nascido, mas ganharam popularidade recentemente em virtude das comunidades online, onde colecionadores e artistas compartilham suas criações, paixões e o fenômeno tem chamado a atenção, não apenas pelo impressionante realismo da arte, mas também pelo impacto sobre a saúde mental na sociedade moderna.
Quando uma criança é vista com uma boneca na mão, ninguém se incomoda, mas quando uma pessoa adulta o faz, a primeira coisa que vem à nossa mente, é que algo na cena não parece normal, mas você sabia que as bonecas reborn oferecem diversos benefícios emocionais e terapêuticos? Muita gente encontra conforto psicológico e alívio de estresse no ato de cuidar dessas bonecas, especialmente quem enfrenta a perda de um filho ou a infertilidade. Além disso, elas são usadas em lares de idosos e instituições terapêuticas para ajudar a combater a solidão e ajudar no tratamento de demências, fornecendo segurança e calma aos pacientes.
Quero ressaltar, no entanto, que esta arte criada para um nicho específico de usuários, se expandiu a milhões de pessoas em virtude do poder da Internet e o uso excessivo de bebês reborns se tornou preocupante. Psicólogos observam casos onde a linha entre ficção e realidade se desfoca, levando indivíduos a fugirem de suas realidades desconfortáveis. A dependência emocional e apego excessivo aos bonecos podem interferir na formação de vínculos sociais e na resolução de questões emocionais profundas, agravando sentimentos de solidão, isolamento e julgamento.
O mercado de bonecas reborn é robusto, diversificado e as projeções indicam um crescimento contínuo para os próximos anos, uma vez que os avanços tecnológicos possibilitam a criação de bonecas com preços mais acessíveis e ampliam as estratégias de marketing em redes sociais. Os influenciadores digitais, com sua capacidade de alcançar milhões de usuários, também têm impulsionado a popularidade dessas criações realistas e aqui, em minha opinião, fica evidente o maior problema da atualidade, com a falta de limites e responsabilidades na divulgação de vídeos e tendências.
A apresentação distorcida da realidade pode levar seguidores a sentimentos de inadequação, ansiedade e depressão. Por engajamento em redes sociais, vale tudo e no mercado das bonecas não é excessão… bebês reborns estão em praças de alimentação de shoppings, ocupando leitos na saúde pública, levando famílias à disputa de guarda em justiça, sendo protagonistas de rotinas em uma sociedade doente. Na minha infância, era influenciada por super-heróis, pelos escritores, pela cultura linda e diversificada do nosso país. Jamais imaginei um mundo tão vazio, em que seríamos influenciados por pessoas que fazem das redes sociais, um terreno fértil para excessos. As plataformas de conexão e compartilhamento amplificam comportamentos e tendências. Faz-se necessário, de forma urgente, discussões mais aprofundada sobre os impactos psicológicos das ações dos influenciadores e propostas sobre como trazer mais equilíbrio aos ambientes digitais.
Sobre os bebês reborns, confesso que são realmente lindos, mas para aqueles que se sentem emocionalmente dependentes deles, é fundamental a busca de ajuda profissional. Há muita coisa linda e saudável para se fazer. Pratique atividades físicas, sociais, terapia, voluntarie-se em uma entidade filantrópica e participe de grupos e eventos que promovam a interação humana. Lembre-se sempre de que apesar de tudo parecer louco, a vida ainda é bela e preciosa. Não a desperdice!