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MATERNIDADE REAL: A importância das redes de apoio no puerpério

Ser mãe é uma daquelas experiências que a gente tenta explicar, mas nunca encontra palavras suficientes para descrever. A maternidade, para mim, é um exercício diário de doação, mas também uma fonte inesgotável de crescimento. Meus filhos me ensinaram a olhar para o mundo com mais esperança, a ter fé, a nunca desistir. É uma entrega constante em que precisamos cuidar sem abafar o aprendizado de um outro ser, que terá um elo para sempre com a gente.

Vivencio uma das minhas maiores entregas como mãe, dentre os cuidados com a minha filha, que agora é mãe e com a minha mãe, que se torna filha, em virtude de uma demência vascular.

Como avó de primeira viagem, o nascimento do neto traz uma mistura de sentimentos. É emocionante ver a continuidade da família, mas é impossível não pensar no olhar ansioso de minha menina no parto, em sua preocupação nos primeiros momentos do bebê e em como será o seu puerpério.

Para quem não sabe, o puerpério, também conhecido como resguardo ou “quarentena”, é a fase que começa logo após o parto e se estende por aproximadamente 40 dias, quando o corpo materno passa por um processo de recuperação e adaptação para retornar ao estado não-gravídico. Mas essa definição técnica não faz jus à complexidade e à profundidade das mudanças que ocorrem. O puerpério é desafiador, porque além das transformações físicas e da adaptação entre mãe e filho, a mulher lida com uma imensa pressão social para que pareça feliz o tempo todo, mantenha a casa organizada e a família em harmonia.

Mães não precisam “dar conta de tudo” e normalizar o pedido e a oferta de ajuda é necessário. Saúde mental importa e sempre priorizarei esta pauta em meus projetos como ativista da saúde, seja no município de Bom Despacho, pelo estado mineiro ou em qualquer lugar do país que eu vá.

As mulheres que contam com redes de apoio sólidas, envoltas no amor de parceiros presentes, familiares compreensivos, amigos disponíveis e profissionais acolhedores, têm experiências profundamente diferentes daquelas que enfrentam o puerpério na solidão. Mais de 15% das puérperas enfrentam depressão pós-parto e essa estatística é alarmante. O suporte adequado não elimina os desafios desta fase da maternidade, mas cria um espaço seguro onde é possível sentir, chorar, duvidar e se reconstruir.

Neste mês das mães, quero deixar registrada a gratidão aos meus filhos, por me tornarem uma mulher melhor, mais forte e infinitamente mais feliz. Meu maior tesouro é vê-los adultos e saber que, de alguma forma, sou parte daquilo que os fez ser quem são. Mas também quero reafirmar a eles que sempre serei rede de apoio quando precisarem de uma comida nutritiva, de alguém para validar seus sentimentos sem julgamento, de amor incondicional, de colo quando quiserem chorar e de apoio emocional.

Aproveito para abraçar, com todo carinho, cada mulher que já viveu, vive ou sonha viver a maternidade. Aos olhos do mundo talvez nossas histórias pareçam comuns, mas para quem sente na pele e no coração, sabe quanta coragem, quanta dedicação, quanta beleza e dor há em ser mãe. Que vocês possam sentir-se reconhecidas, acolhidas e imensamente amadas. Feliz Dia das Mães todo dia, porque a gente merece, com os votos sinceros de que nunca esqueçamos de nos amar, para continuarmos sendo aquelas que deixam o mundo mais belo!

Juliana Jaber

Juliana Jaber é palestrante motivacional, gestora de pessoas, analista de tecnologia da informação, escritora, artesã e ativista da saúde. Foi vice-prefeita de Bom Despacho (2021-2024). É fundadora da ONG Metástase do Amor (2015). Acompanhe @jujaber pelas redes sociais e conheça mais sobre sua história no site www.julianajaber.com.br .

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