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Quando a Vida Pesa Demais: Entendendo e Enfrentando a Depressão

Por Zildinha Leles – Terapeuta Integrativa

A depressão não é “preguiça”, “drama” ou “fraqueza”. Ela é real, silenciosa, e muitas vezes não é notada nas aparências. A neurociência revela que a depressão está ligada a desequilíbrios neuroquímicos e alterações em áreas do cérebro responsáveis pelas emoções e motivação, como o sistema límbico e o córtex pré-frontal, além de relacionar o estresse crônico à inflamação cerebral; a epigenética mostra como traumas emocionais, especialmente na infância, podem modificar a expressão dos genes ligados ao humor e à imunidade, deixando marcas biológicas que influenciam quadros depressivos mesmo anos depois; já a psicossomática entende a depressão como uma manifestação física e energética de emoções reprimidas e sobrecarga emocional, que levam o corpo à exaustão e à desaceleração de funções mentais e vitais.

Mas, mais do que isso, é um pedido de socorro. Muitas pessoas vivem sorrindo por fora e desabando por dentro, tentando dar conta de tudo, enquanto sentem que estão afundando emocionalmente.

Diferente da tristeza comum, a depressão pode envolver uma perda profunda de sentido, de energia e de vontade de viver. Dormir demais ou quase não dormir. Comer em excesso ou perder totalmente o apetite. Sentir-se um peso no mundo. Tudo isso são expressões de um corpo que grita por ajuda quando a mente já não encontra saída. Em muitos casos, a depressão é consequência de dores emocionais acumuladas ao longo da vida — traumas, perdas, rejeições, pressões, solidão. Ela não nasce do nada. Ela se constrói, silenciosamente, quando as feridas não têm espaço para cicatrizar.

Na terapia integrativa, a depressão também é vista como uma desconexão: da alma, da própria história, do próprio valor, de si mesmo. No meu trabalho, ajudo pessoas a entenderem o que está por trás desse apagamento interior. Muitas vezes, é o resultado de anos se calando, se cobrando, se anulando para caber em lugares que não acolhiam sua verdade. A cura começa quando a pessoa se reencontra — com sua história, com sua dor, com sua voz. E esse reencontro, mesmo doloroso, é o início da reconstrução.

É fundamental criar um espaço onde essa dor possa ser escutada sem julgamento. Onde a pessoa não precise se justificar por estar mal. A depressão precisa de cuidado, não de cobrança. De presença, não de pressão. É preciso olhar com gentileza para tudo o que essa dor está tentando dizer. O corpo desmotivado pode estar tentando descansar de anos de luta. A mente confusa pode estar saturada de sobrecarga emocional. E o silêncio pode ser um grito que ninguém ensinou a traduzir.

A depressão pode ser evitada se logo aos primeiros sinais a pessoa buscar ajuda terapêutica para reorganizar suas emoções e reintegrar a sua história – sem dor. E pode ser extirpada, mesmo que já tenha se manifestado há anos, com as técnicas terapêuticas certas.

Se você sente que está perdendo o brilho, não tente fingir que está tudo bem. Você não precisa passar por isso sozinho. Há caminhos possíveis — e a sua dor, por mais profunda que seja, pode ser transformada. A depressão não é o fim. É um chamado para cuidar de você como talvez nunca cuidaram antes. E você merece esse cuidado.

Zildinha Leles é terapeuta integrativa e mentora em desenvolvimento emocional. Criadora da Mentoria Bem Viver, acompanha pessoas em processos de reconexão com sua história e com sua essência.Instagram: @zildinhaleles.terapeutaContato: (37) 98802-8598.

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