Filhos e filhas,
Estou em pleno retiro do clero na Arquidiocese de Curitiba e prestes a celebrar 30 anos de vida sacerdotal. E vivendo todos esses momentos que nos levam a uma reflexão, com muita humildade só posso dizer: obrigado Deus!
Obrigado por viver essa celebração da minha vida, de toda minha história de amor a Jesus Cristo com muitos acertos, todos pelo Espírito Santo e muitos erros, pela minha fragilidade humana, mas acima de tudo um serviço de amor.
Ser padre é uma grande dádiva de Deus. Eu não mereço ser padre, eu fui escolhido ser padre e a grande descoberta foi que a vida linear, sem vibração… não ecoa. O que faz uma corda, em uma guitarra ou num violão, trazer sons maravilhosos é a vibração. E essa vibração na minha vida quem faz é Deus, quem faz é o povo, quem faz são os apelos da Igreja. Por isso a minha vida vibra.
A minha história vocacional é de uma família católica, pai vicentino, mãe do Apostolado da oração, eu acredito que isso influenciou muito, mas quem fez despertar em mim o “querer ser padre” foi olhando para um outro padre, Cônego Sétimo Giacobbo. Quando eu olhei para ele naquele altar, um homem de espiritualidade, profundo amor a liturgia, era cantor, tocava piano maravilhosamente, isso me inspirou, eu quero ser assim.
O meu despertar sacerdotal foi olhando positivamente para o sacerdócio e como eu gostaria que os jovens olhassem para mim e pudessem dizer “eu quero ser como ele”. E isso foi muito cedo, em nada eu tinha as certezas absolutas, até porque com 12 anos não se tem, mas é um convite, uma inquietação na alma, é um desassossego, mas é algo bom, algo que todos nós deveríamos ter coragem de escutar e arriscar em Deus.
Eu diria, com muita humildade e gratidão, bendita hora que eu escrevi aquela carta dizendo que queria ir para um seminário, bendita a inspiração divina e os exemplos que eu tive, quer na família, quer do pároco local. Bendita hora que eu me desafiei saindo de casa, mesmo sendo filho caçula.
Estou muito longe de ser um exemplo de sacerdote, mas eu estou na luta, na luta como todos nós, de a cada dia buscarmos a santificação. Mas é uma alegria poder dizer: obrigado, Senhor, por ter confiado em mim, porque ser ordenado sacerdote nada mais é que uma confiança de Deus na pessoa humana. Deus escolhe, consagra, capacita para o servir.
Hoje, se eu perdesse tudo, algo que eu não abriria mão em hipótese nenhuma, inegociável, é o meu sacerdócio. Se os holofotes mudarem, que mudem, chegará o seu tempo, mas o sagrado, o terreno sagrado da minha vida, aquilo que é fundamental na minha existência é o ser padre, na Eucaristia, é o ser padre para o povo no amor a Deus, o que vem depois é consequência daquilo que me nutre.
Com muita humildade peço, rezem por mim.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti