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ENTÃO É NATAL! E A IMAGEM DELES EU GUARDO NA  MEMÓRIA E OS NOMES EU SEI DE COR

Poleiro do Chantecler – Coisas de Bom Despacho

Há uns bons anos atrás, o Taquinho, meu amigo, me deu de presente um filme-video de um Natal que passamos com minha mãe, em Bom Despacho, no ano 2001. Ele não quis me dizer como conseguiu este filme. Fez mistério. Mas, isso não importa muito. A verdade é que a família estava toda lá reunida em torno da velha matriarca – a D. Nayr. Todos os meus irmãos estavam lá. Só faltou a Vanda – que havia antecipado sua ida pra o céu no Natal do ano anterior. Como estávamos todos jovens! Foi muito bom rever aquelas cenas da gente jogando baralho, se gozando, jogando conversa fora, cantando ao som do violão do Danilo e até dançando.

Estas reuniões em família costumavam acontecer três ou quatro vezes por ano. E o pretexto eram as jabuticabas. Quando o nosso grande e velho pé de jabuticaba estava carregado, meu pai me ligava e dizia: “-Mozart, já tem jabuticaba!” E eu respondia: “-Então, tô indo aí no próximo sábado!” Esta era a senha pra meu pai ligar para todos os meus irmãos dizendo: “-O Mozart está vindo no próximo fim de semana. Vem também!” E lá íamos todos nós, levando inclusive os filhos. Era uma farra e uma algazarra que só vendo. Oito irmãos e um punhado de netos. Pena que o pé de jabuticaba só dava três vezes por ano!

E vendo aquele filme-video do Taquinho, voltei no tempo. Comecei a relembrar meus tempos de Bom Despacho. Lembrei-me dos meus momentos de criança ali na Rua do Céu, nossas brincadeiras, nossas artes, nós roubando jabuticaba na casa do Jacinto Lopes, ali na rua Padre Vilaça. Desafio maior era roubar jabuticaba e manga na casa da D. Judite – a braba Diretora do Grupo Coronel Praxedes, que tinha o pescoço torto e que tanto terror causava em todos nós. A casa dela ficava pouco pra baixo de nossa, ali defronte o Joãozinho da Casinha.

Saudade dos Natais daquele tempo, da Casa Assunção cheia de brinquedos cobiçados por nós, mas que, sabíamos, não eram para o nosso “bico”, como dizia meu pai. Eram brinquedos para os meninos ricos. A gente se conformava. Saudade da Missa do Galo na noite de Natal. Ainda existe hoje Missa do Galo? Ando meio por fora das coisas da igreja.

Saudade de meus tempos de adolescente me tornando adulto, das “horas dançantes” no Clube Bom Despacho. Saudade do “footing” em frente ao Cine Regina. Saudade também da sessão de cinema dos sábados à noite. Como já contei em outra crônica, aqueles de nós que conseguiam uma garota geralmente iam para as cadeiras de trás à esquerda – que era o lugar mais escuro do cinema e próprio pra dar um “sarro” na menina. Naqueles tempos a gente não ia muito longe: era só passar a mão nas coxas dela, nos seios por cima da blusa e um ou outro beijo roubado. Tudo meio que forçado, pois elas fingiam não querer – o que fazia parte do jogo. Era bom demais. Mas, bom mesmo era contar depois pros amigos, sempre exagerando.

Saudade da D. Sassã e da D. Eulina, minhas professoras do Praxedes. E da Maria do Doca, minha professora do Admissão e minha quase futura madrinha de casamento. Saudade também do grande professor Majela, do Elvino Paiva, do Tarcísio Assunção, da D. Léia. É muita saudade junta.

Saudade de meus amigos de infância e da adolescência e de cujos destinos e paradeiros não tenho a menor ideia. Foram se espalhando e ficando para trás, só na memória.

Me lembro até hoje de quando saiu o resultado das provas, pós-Admissão, para entrar para o Ginásio Miguel Gontijo. Me lembro da alegria de meu pai quando chegou em casa e me deu a notícia de que eu tinha tirado o 1º lugar. E olhe que eu estava disputando com gente de escol, gente do naipe da Zulmira e da Zulma do Odílio e do Cícero Ivan da Tinuca. Até hoje tenho nítida em minha mente esta cena.

E por falar no meu pai – o Adriano do Ginásio – que saudade eu tenho dele que se foi tão cedo. Como era bom ouvir seus casos. Saudade imensa de minha mãe – a Nair Foschetti – a mais velha escoteira do Brasil, se não for do mundo. A saudade deles não tem tamanho.

Mas, não dá pra ficar aqui listando tudo o que me dá saudade. Só queria deixar registrado para que saibam aqueles que comigo conviveram naquela época que, hoje, já um tanto idoso, me lembro de tudo e de todos.

É saudade sem limite. Uma saudade que me faz chorar e que me faz rir. Ah, se eu fosse um poeta. Cantaria tudo isso em prosa e verso. Infelizmente, não passo de um simples e modesto escrevinhador.

E fico por aqui com lágrimas nos olhos e com um sorriso nos lábios. Pena que o tempo seja cruel com os saudosistas: nunca maia volta! Mas a imagem de tudo e de todos eu guardo na memória e os nomes eu sei de cor.

Chantecler.

Mozart Foschete

Poleiro do Chantecler – O ferrinho do dentista.

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