Meus caros, raros e fieis leitores,
Início de ano sempre foi um tempo propício para a gente renovar as esperanças de que a partir de agora as coisas vão melhorar. Não podem continuar tão ruins quanto foram no ano que terminou. Mas, a vida continua e, no mais das vezes, as coisas conseguem piorar.
Eu, de minha parte, de um otimista que sempre fui, estou, para meu próprio desgosto, me tornando um pessimista incorrigível. A começar do Brasil que, para mim, está se transformando num país difícil onde se viver. Vejo as noticias nos jornais e não gosto nada do que leio. As verdades se tornam mentiras e as mentiras se tornam verdades. Como o Lula costuma dizer em seus discursos para sua plateia de petistas: uma mentira repetida mil vezes se torna uma verdade. É o que ele chama de “narrativa”. A verdade nua e crua é que estamos metidos num desgoverno absoluto. Um País governado por um bando de corruptos em todas as esferas e níveis da Administração Pública.
A começar pelo Poder Judiciário que se imbuiu de um poder sem limite, comandando e dirigindo tudo, definindo o que se pode e o que não se pode falar, ou escrever ou fazer. Um Poder Absolutista como nunca se viu no País. Arbitrariedades, ilegalidades e inconstitucionalidades e parcialidade são a constante nas altas Cortes do País. Difícil acreditar que pessoas que supostamente esclarecidas, como o Presidente do STF – ministro Barroso – compactuem com tudo isso. Mas é o que está acontecendo. Há algo no ar além dos aviões de carreira. Só pode!
A nível do Congresso Nacional, temos hoje certamente a pior leva de Deputados e de Senadores.
Excetuando uma meia dúzia de três ou quatro parlamentares, o Congresso Nacional virou um covil de ladrões cujo principal produto são as tais emendas de Comissão, emendas de Relator e emendas de parlamentares. Um antro de bandidos onde mais da metade tem processo correndo no STF que, por sua vez, usa esses processos como instrumento para inibir qualquer iniciativa que vá contra os seus poderes, os seus interesses e os seus privilégios.
A nível do Poder Executivo, temos um governo sem nenhum compromisso com a coisa pública. Um governo que vive da mentira e dos gastos mordômicos suntuosos como se os recursos da “Mãe Joana” fossem inesgotáveis, tal como vivia a luxuosa Corte do Rei Luiz XVI e sua Maria Antonieta. Um governo que fala sempre em defesa da classe mais pobre e que, para mantê-la no cabresto, lhe dá esmolas sob o título de “bolsas” dos mais diversos matizes. O objetivo é única e exclusivamente mantê-la na pobreza porém sempre agradecida pelas migalhas que lhe são distribuídas. Um governo que alardeia repetidamente que tirou milhões e milhões da miséria e da fome quando, na verdade, não tem nenhum programa que objetive tirar o pobre da pobreza. Ao contrário, todos são voltados para perpetuar a pobreza.
Um governo que gasta de forma irresponsável o que tem e o que não tem. E que declara em alto e bom som: não é o gasto que é alto; os impostos é que são baixos, quando na verdade o País ostenta hoje uma das cargas tributárias mais altas do mundo. E já que os impostos é que são baixos, tome mais impostos. O único papel hoje do Ministro da Fazendo é o de dar tratos à bola para criar novas tributações. Não faz outra coisa.
E a despeito da altíssima carga tributária, nossas estradas estão velhas e esburacadas, a assistência à saúde é precária e lastimável e a educação é de péssima qualidade. Nesse quesito temos ocupado as piores colocações sob qualquer critério de testes da ONU. E a segurança pública cada vez mais insegura, onde o bandido, na versão governamental, é sempre uma vítima da sociedade.
Não é à toa que o Brasil terminou 2024 como o país com o maior número de assassinatos no mundo. E não é em termos proporcionais, não. É em termos absolutos. Nem a China, nem a Índia, com populações seis ou 7 vezes maiores que a nossa, têm tantos assassinatos. Nem o Afeganistão, nem os Estados Unidos, nem o México, nem a Venezuela, nem o Irã, nem o Camboja ou o Vietnã. Somos recordes em criminalidade.
Também somos, hoje, o país que lidera o ranking mundial de tráfico de drogas. Não somos os maiores produtores de drogas. Somos simplesmente, segundo algumas estatísticas, o país por onde 60% das drogas internacionais são traficadas. E impressiona a conivência das autoridades governamentais, judiciárias e policiais com tudo isso.
Na economia, o nosso Real foi a moeda que mais se desvalorizou no mundo em relação ao dólar e, ironicamente, o peso argentino foi a que mais se valorizou. Os déficits nas contas do governo batem recordes seguidos sem que se saiba de nenhum projeto importante em andamento. No ano passado, o governo pagou quase um trilhão de reais em juros – um valor 3 a 4 vezes maior do que os gastos com educação e saúde. Pode isso?
Recentemente, o governo federal, pressionado de todos os lados e depois de dois meses de gestação, apresentou ao Congresso Nacional uma proposta de cortes de gastos públicos tão bisonha quanto ridícula, sem nenhum efeito prático, a não ser reduzir as possibilidades de deficientes físicos e mentais obterem seu benefício previdenciário. Nenhum salário acima do teto foi cortado, o cartão corporativo – colocado sob sigilo – teve seu valor aumentado e as viagens e diárias dos altos escalões são realizadas numa escala nunca imaginada.
É duro também assistir um presidente da República comemorar a data de 8 de janeiro como a data da defesa da democracia. Logo ele que sempre apoiou e aplaudiu os ditadores mundo afora, como Daniel Ortega (Nicarágua), Hugo Cháves e Maduro (Venezuela), Fidel Castro (Cuba), Mahumed Komeini (Irã), o Hamas, o Hesbollah. Como disse um cronista da revista Crusoé, não há como aceitar que “a alma mais honesta desse País” seja a anfitriã de um evento em repulsa a atos antidemocráticos. Pena para o Lula foi que, tal como no ano passado, o povo não compareceu para a comemoração. A meia dúzia de gatos pingados presentes só foram lá para soltar o grito já tradicional: “Lula, ladrão! Seu lugar é na prisão!”
Mas o melhor da festa foi a declaração da “alma mais honesta do Brasil” de que ama a democracia com todo o fervor que um homem dedica à sua amante, pois o amor do homem pela amante supera o seu amor pela esposa! Expressão típica e que expressa o nível de vulgaridade do governo que aí está. Os comentaristas e analíticos da Globo News devem ter chegado ao delírio e até ao orgasmo diante de uma “tirada” tão original e engraçada!
Pobre Brasil! Você vai ver o que te espera em 2025! E me desculpem pelo meu pessimismo!
Chantecler.