Filhos e filhas,
Falar de amor é falar da essência de Deus. Um amor que transborda, se manifesta e se multiplica em muitos gestos, formas e relações. O amor não é um detalhe na nossa vida, ele é o sentido de tudo. E quando falamos de amor, falamos também de cura, de reconciliação, de entrega e, sim, de vocação — seja ela no namoro, no casamento, na vida consagrada ou na vivência de um celibato fecundo.
Quando olhamos para o Coração de Jesus, olhamos para um amor escancarado, um amor que se entrega até as últimas consequências, um amor que se revela nas Santas Chagas de Jesus, na cruz e na ressurreição. A redenção é, acima de tudo, um ato de amor.
E aqui surge um alerta, filhos e filhas: muitos estão cansados, feridos, decepcionados, desanimados no caminho do amor. Sentem-se o último dos últimos. Mas a boa notícia é que Jesus nos ama. Ele nos acolhe, nos abraça e nos diz: “Eu sou a tua felicidade.”
Amar, filhos, não é cumprir regras frias. Amar é ir além da lei. A lei sozinha mata, mas o amor salva. A fé não nasce da rigidez, ela nasce da graça, do encontro com Jesus. Esse ensinamento vale profundamente para nossos relacionamentos. Infelizmente, muitos casamentos e namoros estão adoecidos. Por quê? Porque falta amor verdadeiro. Falta aquele amor que é sacrifício, que é doação, que é libação, que é entrega.
E para viver esse amor, precisamos de Deus, e a cultura popular nos apresenta Santo Antônio como o santo do amor, o santo casamenteiro. Ele é um intercessor, sim, mas é também um mestre no amor cristão, no amor que constrói, que perdoa, que cura.
Todo casal deve ser eternamente enamorado. O dia que se perde o encantamento, o cuidado, o zelo, o casamento começa a desmoronar. E como se mantém o “enamoramento”? Perdoando. Sabendo que amar é, sim, sacrificar-se. Porque quem ama se entrega. Olhem para a cruz e vejam: amor é sacrifício.
Os casais precisam ter coragem de rezar juntos: “Senhor, me ajuda a perdoar minha esposa, meu esposo, porque o tempo nos feriu.” Isso é amor que cura, que restaura.
Aos namorados, Santo Antônio ensina: não se precipitem! É preciso conhecer, discernir, entender quem é o outro. Muitas dores no matrimônio nascem porque os passos foram atropelados. Muitos entram no casamento sem ter se amado de verdade, sem se conhecerem, e depois acham que o tribunal da Igreja vai resolver. Não resolve. Porque os filhos, as feridas, o que foi vivido, tudo isso deixa marcas.
Por isso, filhos e filhas, não pulem de galho em galho. Relacionamento não é cura para carência. Antes de tudo, é preciso pedir: “Senhor, cura meu coração. Não permita que eu leve minhas feridas para um novo relacionamento. Me prepara para somar, para construir.”
O mundo hoje banaliza o amor. Troca o amor por prazer, por consumo, por egoísmo. E o resultado? Vazio, solidão, amargura. Amar não é buscar alguém para me satisfazer. Amar é estar disposto a se doar, a construir, a se repartir.
Não é falta de dinheiro que impede casamento, é falta de compromisso. O que falta hoje não é condição financeira, é amor responsável, amor maduro, amor que não tem medo de renúncia.
Finalizo a mensagem sugerindo essa oração de Santo Antônio, para que nosso coração transborde amor, perdão e reconciliação:
Santo Antônio, intercede por nós,
para que tenhamos amor suficiente para curar nossas feridas,
paciência para esperar, sabedoria para escolher
e coragem para amar como Jesus nos ensinou.
Que nossos relacionamentos sejam escola de amor, perdão e doação.
E que, onde houver divisão, brote reconciliação.
Onde houver mágoa, surja o perdão.
Onde houver desânimo, renasça o amor.
Amém.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti