Nos últimos anos, a rotina dos profissionais da educação tem sido marcada por uma sobrecarga emocional sem precedentes. Exigências de resultados, salas de aula cheias, falta de recursos, insegurança quanto ao futuro da carreira e até mesmo a violência em ambientes escolares compõem um cenário que ultrapassa a esfera do trabalho e invade a vida psíquica desses profissionais. Nesse contexto, cresce um diagnóstico silencioso, porém devastador: o transtorno de ansiedade generalizada (TAG).
Caracterizado por uma preocupação excessiva, contínua e desproporcional frente a situações cotidianas, o TAG se manifesta em sintomas físicos (taquicardia, tensão muscular, insônia) e psíquicos (inquietação, dificuldade de concentração, sensação de ameaça constante). No caso dos educadores, essas manifestações podem afetar diretamente o processo de ensino, a qualidade das relações com os alunos e até mesmo a saúde física, levando a afastamentos e ao adoecimento coletivo.
Para a psicanálise, a ansiedade não é apenas um “excesso de preocupações”, mas um sinal de que o inconsciente está trazendo à tona conflitos e traumas ainda não elaborados. Muitas vezes, os profissionais da educação carregam marcas que vão além do ambiente escolar: experiências de infância, frustrações não resolvidas, sentimentos de impotência e até vivências traumáticas podem ser reativados no cotidiano profissional, intensificando a ansiedade.
Ao analisar esses conteúdos, a psicanálise permite que o sujeito compreenda de onde vem sua angústia e como ela se conecta a sua história de vida. Em vez de apenas silenciar os sintomas, a escuta psicanalítica busca dar sentido ao sofrimento, oferecendo ao educador a oportunidade de ressignificar seus traumas e construir novas formas de lidar com a realidade.
Ao entrar em contato com suas emoções e conflitos, o educador pode fortalecer sua autoestima, desenvolver maior tolerância às frustrações e encontrar novas estratégias para lidar com as pressões do trabalho.
Mais do que um alívio imediato da ansiedade, a psicanálise possibilita um processo de transformação subjetiva. Esse percurso conduz o profissional a um estado de maior equilíbrio emocional, o que impacta não apenas sua saúde mental, mas também a qualidade da sua prática pedagógica e sua capacidade de inspirar os alunos.
MSC. Vera Queirogas, Psicanalista e Mentora de Mulheres. Uma das fundadoras da Qibel, Clínica de Psicologia e Psicanálise em Bom Despacho. Instagram @quibel.bd Contato: 37 9 9148 28 53