O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que afeta a forma como uma pessoa interage com o mundo, processa informações e se comunica. Estima-se que existam cerca de 70 milhões de autistas no mundo, sendo 2 milhões no Brasil. Houve um aumento significativo na identificação de casos de TEA, sobretudo na infância, nos últimos anos. O diagnóstico passou de 1 em 110 casos em 2013, para aproximadamente 1 em 54 no ano 2023 e há uma previsão para 2025, de 4 em cada 50 crianças, diagnosticadas. Esses números alarmantes destacam a urgência de um diálogo mais aberto na sociedade e ressaltam a importância da educação inclusiva, das campanhas de conscientização e da melhoria dos acessos aos serviços de saúde.
O Transtorno do Espectro Autista afeta pessoas de todas as origens étnicas, sociais e econômicas. Compreendê-lo é fundamental para promover a inclusão e o bem-estar, uma vez que cada indivíduo é único e apresenta características e necessidades específicas. Embora a intensidade dos sintomas varie amplamente de pessoa para pessoa, as famílias devem ficar atentas às dificuldades na comunicação e interação social, comportamentos repetitivos, hiperfoco e sensibilidade aumentada. O TEA não é uma doença, e por isso, não existe cura, mas o diagnóstico precoce desta condição, aliado às intervenções adequadas, podem colaborar com o desenvolvimento pleno das habilidades ao longo da vida.
Os desafios para o futuro são múltiplos e complexos. Apesar da evolução nos critérios de diagnósticos, muitas famílias ainda enfrentam resistência em aceitar o autismo. Em meu mandato como vice-prefeita de Bom Despacho, visitei centros de atendimento especializado em vários municípios mineiros em busca de uma solução efetiva para melhoria da inclusão, por meio da integração das áreas de saúde, educação e desenvolvimento social. Exerci um papel fundamental para a idealização do CEMAE – Centro Municipal de Atendimento Especializado, mas a iniciativa foi apenas um pequeno passo diante das demandas da população.
Continuo firme no trabalho pela inclusão e verificando experiências de sucesso, agora, em todo o Brasil, para cuidar das famílias mineiras. Foi assim que tive a oportunidade de conhecer o material O MUNDO DO THEO, desenvolvido com uma metodologia exclusiva, para a abordagem do TEA, conectando alunos, professores e famílias para a construção de um ambiente saudável, acolhedor e que verdadeiramente combata o capacitismo.
Enquadrado na BNCC – Base Nacional Comum Curricular (Competências: conhecimento, habilidades, atitudes e valores), na Lei Nº 12.764/2012 (Política Nacional da Pessoa com TEA), na Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDB – Lei 9.394/2006), no PNE – Plano Nacional de Educação e na Lei nº 13.146/2015 (LBI – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência), o Mundo do Theo já está implantado em diversos estados, como Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Pará, Rondônia, Paraíba, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e tenho a honra de representá-lo em Minas Gerais, junto ao Instituto Frente Brasil, que tem como uma das suas missões, melhorar a vida das pessoas, por meio da criação de políticas públicas eficazes.
Em abril celebramos a conscientização do autismo e se prepare, porque vêm novidades que compartilharei com carinho, porque juntos podemos transformar preconceito em respeito, empatia e inclusão. O TEA não define uma pessoa, mas a sociedade pode definir as condições em que os autistas vivem. A mudança começa com a compreensão e a ação coletiva.