Filhos e filhas,
A solenidade de Corpus Christi, como a conhecemos hoje, nasceu de uma necessidade que a própria Igreja percebeu ao longo dos séculos. Apesar da instituição da Eucaristia na Quinta-feira Santa, esse dia é vivido no contexto da Paixão de Cristo, com um clima de recolhimento e dor. Faltava, portanto, uma festa jubilosa, pública, de exaltação e adoração a Jesus Eucarístico.
No século XIII, um sacerdote, ao celebrar a Missa na cidade de Bolsena, na Itália, teve uma crise de fé, duvidando da presença real de Cristo na Eucaristia. No momento da consagração, a hóstia começou a sangrar, manchando o corporal (pano litúrgico) e o altar. Este milagre foi levado ao Papa Urbano IV, que, profundamente tocado, instituiu, em 1264, a Solenidade de Corpus Christi, tornando-a festa obrigatória para toda a Igreja. A procissão eucarística pública, desde então, é uma demonstração pública de fé e adoração.
Ao longo da história, diversos milagres eucarísticos reforçam essa verdade da fé católica: Jesus está realmente presente na Eucaristia. O milagre de Bolsena é um dos mais conhecidos, assim como o de Lanciano, também na Itália, onde hóstia e vinho se transformaram visivelmente em carne e sangue.
Estes sinais extraordinários são, na verdade, uma confirmação visível do que acontece invisivelmente em toda celebração eucarística.
Ao olharmos para a nossa fé católica, é impossível não reconhecer na Eucaristia o centro da vida cristã. Quando Jesus disse: “Eu estarei sempre convosco” (cf. Mt 28,20), Ele não deixou isso apenas como uma promessa, mas como uma realidade viva, concreta e permanente. De fato, Jesus voltou ao Pai, mas permanece conosco, e Sua presença se manifesta de muitas formas — na Sua Palavra, na comunidade reunida, no próximo, mas, de modo especial, na Santíssima Eucaristia.
A Eucaristia, portanto, é identidade do cristão. Celebrar a Missa dominical não é apenas uma obrigação, mas um direito, uma fonte de vida. Ela nos nutre, fortalece, une a Cristo e à comunidade, nos dá forças para enfrentar os desafios do mundo e da vida espiritual.
Celebrar Corpus Christi é, acima de tudo, fazer um profundo exame de consciência sobre qual valor damos à Santa Missa e à Santa Comunhão. Quantas vezes, por comodismo, deixamos de participar da Missa dominical, trocando o sagrado por lazer, viagens ou descanso?
Lembro que a participação na Eucaristia tem razões profundas, e agora, elenco algumas aqui:
Para estar unido a Cristo: Jesus disse: “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto” (Jo 15,5). Não há forma mais concreta de permanecer unido a Cristo do que recebê-Lo na Eucaristia, em Seu Corpo e Sangue.
Para ser fortalecido espiritualmente: Assim como o corpo precisa de alimento saudável para manter a imunidade alta, nossa alma precisa do Pão do Céu para se manter firme na fé. Sem essa nutrição espiritual, tornamo-nos frágeis diante das tentações, dos modismos e das ideologias que enfraquecem a nossa identidade cristã.
Para viver na comunhão e na missão: A Eucaristia não é um ato isolado, mas um envio. Ao nos alimentarmos de Cristo, somos chamados a ser presença Dele no mundo, testemunhas do amor, da paz e da misericórdia.
A Eucaristia não é um símbolo qualquer. É Cristo vivo, presente, real e verdadeiro, que se entrega a nós como alimento da alma e sustento na caminhada da vida. Celebrar Corpus Christi é reafirmar nossa fé na presença real de Jesus e renovar nosso compromisso com Ele e com a Igreja.
Eu creio, Senhor, eu professo e adoro Jesus Eucarístico!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti