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CRÔNICA DE UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA

Poleiro do Chantecler – O ferrinho do dentista

Meus caros, raros e fieis leitores,

A situação da segurança pública no Rio de Janeiro é complicadíssima. Ou pelo menos é bem mais complicada do que esses palpiteiros de plantão imaginam. Pode-se dizer que aquela megaoperação policial nas favelas da cidade e que resultou em mais de 120 mortes tornou-se um divisor de águas na nossa história de combate ao crime altamente organizado.

Embora toda a esquerda esteja claramente do lado dos bandidos, inclusive o governo Lula que sempre foi muito leniente com a alta criminalidade, é difícil para eles atacarem abertamente a operação sem apresentarem uma solução alternativa. O Boulos é exceção: claramente, está sempre do lado dos bandidos. Mas, a verdade é que esta questão é muito complexa. Não se trata propriamente de operações policiais mas, sim, de uma guerra aberta, sem regras e sem limites. De um lado, a polícia com seus armamentos tradicionais: fuzis, revólveres e cassetetes. Do outro, a bandidagem munida de modernos fuzis de repetição, metralhadoras e drones com bombas e granadas. Como em toda guerra, só existem duas alternativas: matar ou morrer. Contados em números de mortos, dessa vez a polícia levou a melhor. Mas, ninguém lhe garante o mesmo sucesso numa próxima operação como essa, se é que se pode chamar isso de sucesso.

Muitos jornalistas massivamente de esquerda e membros do Poder Judiciário andaram ensaiando comentários críticos à operação policial baseados nos supostos direitos humanos daqueles que morreram na operação. Mas diante das evidências dos armamentos sofisticados usados pelos bandidos e diante das comprovadas torturas e assassinatos praticados rotineiramente pelo Comando Vermelho nos seus domínios territoriais – quer dizer, nas comunidade das favelas – tais comentários não foram tão veementes nem enfáticos o bastante para colocarem a polícia e o governo do Rio na defensiva.

Registre-se, à parte, a omissão e a inibição do governo Lula diante dessa tragédia. Incapaz de ajudar e cooperar com um governo estadual que lhe faz oposição política, o governo federal está totalmente inerte. O problema é que as pesquisas mostram que grande maioria da população aprovou aquela operação policial. Na comunidade da favela, a aprovação chegou a 87%. Neste cenário, o máximo que Lula se permitiu dizer foi que a operação tinha sido “desastrosa”. E mais não disse.

A verdade verdadeira é que a única preocupação do Lula é se tal operação vai ter alguma influência negativa no seu ibope eleitoral. O grupo palaciano não se manifestou abertamente contra a operação com receio de isso respingar negativamente nas pesquisas eleitorais de Lula. Esta, de fato, é sua única e exclusiva preocupação. Não fosse isso, que se phoda o Estado do Rio!

Existe uma outra verdade que precisa ser explorada mais ainda: como chegamos a esse ponto? Onde foi que erramos? Na realidade, os governos passados, tanto a nível estadual (Rio), como a nível federal, nunca tentaram resolver o problema que se mostrava crescentemente incontrolável. A situação se agudizou mais ainda neste século com a evidente conivência dos governos petistas com a criminalidade em geral. Acresça-se a isso o próprio fato de que o Supremo Tribunal Federal – através de uma tal de “Arguição de Descumprimento de Preceito Constitucional (APDF) 365” – restringiu ações policiais em favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia de Covid, sob pena de responsabilidade civil e penal. Estas restrições permanecem até hoje. O STF ainda estabeleceu que as operações “só poderiam acontecer em situações absolutamente excepcionais com justificativas por escrito!” Com isso, as operações policiais foram todas obstaculizadas. Afinal, o que era um situação “absolutamente excepcional”?

O que os especialistas dizem é que esta APDF 365 acabou por criar uma espécie de santuário territorial para o crime – uma área de proteção para os criminosos (vide BRASIL JOURNAL).

Nesse quadro, era inevitável que a tragédia da semana passada acontecesse. E ainda fica a pergunta: poderá acontecer novamente?

E uma questão final colocada pelo Governador do Rio para aqueles que criticam e que foram e são contra o que eles chamam de “barbárie policial”: “-Alguém portando um fuzil nas ruas de Nova York, de Londres ou de Tóquio, ou até mesmo de Pequim, sobreviveria por quanto tempo? A resposta é óbvia: não mais que 20 segundos.”

Seria importante que nossos governantes se sentassem à mesa, isentos de suas ideologias políticas, e pensassem seriamente numa solução para o problema da segurança pública que aterroriza todos nós. Faz-se urgente o retorno ao império da lei. Mas, este cronista é pessimista quanto a essa possibilidade. A dicotomia ideológica hoje prevalecente por aqui faz com que os interesses do País se tornem secundários. O que interessa é o Ibope eleitoral para 2026. O resto é resto!

Chantecler.

Mozart Foschete

Poleiro do Chantecler – O ferrinho do dentista.

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