Nunca pensei viver um amor tão profundo e desafiador quanto o ser vovó. Sempre fui uma mãe presente, daquelas que passavam as roupinhas dos dois lados após o banho, que contavam histórias até a hora de dormir, com rotinas definidas para tudo, que não gostavam de receber visita nos primeiros meses de vida dos bebês e que abria mão de mim mesma para os filhos. Com o passar dos anos, o equilíbrio e a maturidade foram me ensinando que nada extremo é saudável e fui relaxando o ofício de super-proteção, e trazendo liberdade e leveza à vida, mas agora percebo que ser avó é uma maternidade em camadas diferentes e confesso que estou com medo de não saber cuidar da filha que se torna mãe e do primeiro neto da família.
Talvez, o maior desafio seja entender que, para ser uma boa avó, preciso permitir que minha filha seja a mãe que ela escolher ser e não a mãe que eu fui. Ela me manda vídeos de como se cura umbigo hoje, das posições melhores para o bebê dormir e exercitar, de como é o banho ideal e sinceramente, tem horas que penso no quanto estes 25 anos passados que cuidei dela neném, parecem 100. Está tudo diferente! Mas eu prometo cuidar com o maior amor do mundo, com presença e sem invasão, com conselhos, humildade para reaprender com ela e uma paciência sobre-humana para não querer controlar tudo.
Vejo minha filha com uma determinação em ser uma mãe incrível e ao mesmo tempo, sinto sua vulnerabilidade, pelos pensamentos de medo do parto e de não dar conta de ser quem espera para o seu filho. Ela às vezes chora e fico sem saber como acalmar. Digo a ela para não se preocupar e viver um dia de cada vez e a preparo para não tentar ser perfeita, mas real, porque assim como virão os dias lindos, lidaremos com os difíceis. Nenhuma maternidade deveria ser romantizada, mas minha filha não se sentirá sozinha, porque estou aqui e junto com o bebê, não nascem só a mamãe e o papai, os vovôs e as vovós, mas também os tios e tias, os bisavós e todos ao redor, são rede de apoio.
Eu realmente não sei tudo sobre os bebês de hoje, mas sei sobre amor incondicional. Sei sobre estar presente quando for chamada e recuar quando for necessário. Sei sobre a alegria de ver minha família crescer e se transformar. E por último, sei que apesar das mudanças da modernidade, o essencial permanece: o cheirinho de bebê, o calor de um corpinho aconchegado no colo, o milagre de ver uma nova vida chegar e aprender com a gente.
Enquanto espero a chegada do neto, busco a Deus sobre todas as coisas para me conduzir nesta jornada, onde estamos constantemente aprendendo, desaprendendo e reaprendendo a amar. O Benjamin é o mais jovem da família, o bebê amado e esperado, o filho da felicidade, a continuidade do bem que semeamos pela vida e eu o amo, com todas as forças!