Filhos e filhas,
Estamos nos aproximando do fim do ano litúrgico e, no próximo domingo, celebraremos a Solenidade de Cristo Rei, o último domingo do calendário da Igreja. Esta festa nos recorda que precisamos permitir que Cristo reine em nossos corações, em nossas escolhas e em toda a nossa vida.
Jesus procura explicar o que é esse Reino por meio de comparações, nas parábolas do capítulo 13 do Evangelho de Mateus:
“O Reino dos céus é como um grão de mostarda que um homem semeia em seu campo. É a menor de todas as sementes, mas quando cresce torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, a ponto de os pássaros se aninharem em seus ramos. O Reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher mistura em três medidas de farinha, até que tudo fique fermentado”. (Mt 13,31-33).
“O Reino dos céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra, esconde de novo, e cheio de alegria vai, vende tudo o que possui e compra aquele campo”. O Reino dos céus é ainda como um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, vende tudo o que tem e a compra” (Mt 13,44-46).
Em todas essas imagens, Jesus nos mostra o quanto vale a pena lutar pela construção do Reino de Deus. Mas como viver esse Reino e antecipá-lo? É pelas obras de misericórdia. Elas tornam o Reino visível no cotidiano, através de gestos simples, muito mais próximos de nós do que imaginamos. Às vezes pensamos em grandes transformações globais, mas o Reino não se estabelece com armas nem com violência, e sim com a mudança de consciência do ser humano e de seus desejos mais profundos.
Jesus, Rei do Universo, tem o mundo em Suas mãos. Mas nós, em nossas escolhas, muitas vezes ignoramos o Reino e não cuidamos da criação que Ele nos confiou. Deus poderia intervir de imediato, julgar os bons e os maus, colocar fim ao mal, e muitos até me perguntam por que Ele não faz isso.
A resposta é que o Pai constituiu Seu Filho como Rei e Bom Pastor. E Jesus deixou claro os critérios:
“Quando o Filho do Homem vier em Sua glória, acompanhado de todos os anjos, sentar-Se-á em Seu trono glorioso. Todos os povos serão reunidos diante Dele, e Ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à direita e os cabritos à esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos foi preparado desde a criação do mundo!’” (Mt 25,31-34).
Esses são aqueles que, de alguma maneira, anteciparam o Reino e se esforçaram para que a vontade de Deus acontecesse. A nossa fé não é uma espera passiva pelo céu, de braços cruzados. É esperança ativa, é compromisso concreto. O Reino que aguardamos no futuro precisa atravessar a história desde já.
Se alguém perguntar: “Como saberei se serei contado entre os benditos do Pai?”, a resposta não é complicada. Quem leva o Evangelho a sério não será surpreendido no julgamento. Quando estivermos diante de Deus, já saberemos se nossas atitudes impediram ou favoreceram a construção do Reino. E para que não haja arrependimento tardio, por que não começar agora? Por que não permitir que o Reino de Deus aconteça no hoje da nossa vida? Quando mudamos nossa consciência e nosso olhar, mudamos também o mundo ao nosso redor.
Proclamemos o senhorio de Jesus permitindo que Ele reine em nós, através do amor, da justiça e da verdade.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
