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A IMPORTÂNCIA DO CTI DA SANTA CASA DE BOM DESPACHO

 

                              

 Esta semana, após

mais de dois anos de funcionamento em local improvisado e depois de superados

entraves burocráticos que não merecem ser detalhados, o Centro de Tratamento Intensivo

(CTI) da Santa Casa de Bom Despacho começou a funcionar no seu local

definitivo. A emoção é inevitável! Aflora na minha memória o sonho pessoal de

cerca de 20 anos. Sonho compartilhado pelo Dr. Marco Túlio, assimilado pela

diretoria voluntária da Santa Casa (gratidão aos Srs. Maia, Vilson, Mesquita e

todo o conselho) e viabilizado pelo empenho de vários agentes políticos. Todos

os envolvidos nesse projeto merecem a sincera gratidão da sociedade

bomdespachence. 

Lembro-me que nos primeiros textos que escrevi sobre a

necessidade do CTI, usei o termo ” divisor de águas ” para expressar

o que esta unidade significaria para a medicina de Bom Despacho e região, mas

confesso que me sinto alegremente surpreendido pelo o que isso tem

representado  na prática. A começar pelo

o que o CTI significou no enfrentamento da tragédia que jamais pode ser

esquecida, que foi a pandemia de covid-19. Muitas vidas foram salvas e para aquelas

que infelizmente foram perdidas, as famílias têm o alento de que foi feito todo

o possível,  com uso de recursos dignos

dos melhores centros e, principalmente, 

com muita empatia e compaixão. É assustador imaginar quão pior seria a

situação da pandemia caso a Santa Casa não tivesse a capacidade de reação que

teve naquele  amargo período ainda tão

vivo nas lembranças de todos.

A pandemia catalisou o funcionamento do CTI e deixou um

legado operacional de grande valor, o qual permite atualmente uma adequada assistência

e um aumento da resolução e complexidade oferecidas pela Santa Casa. Acima de

tudo, um CTI com a qualidade que a Santa Casa oferece, proporciona dignidade ao

ser humano em momentos críticos, salvando quando possível, ou  aliviando o sofrimento da terminalidade  com a certeza de que os principais meios

disponíveis  pela ciência estão  sendo oferecidos  aqui, próximo ao calor insubstituível dos

laços familiares.

Para além desse resumido relato, destaco que o CTI é

viabilizado por pessoas que cuidam de pessoas. É emocionante acompanhar a

rotina do trabalho das equipes. Competência, amor, compaixão, compromisso, técnica

e ciência são ingredientes nítidos nas atividades de todos os envolvidos,  desde os coordenadores médicos, plantonistas,

enfermagem,  fisioterapia,  técnicos, 

profissionais da limpeza, 

profissionais da nutrição, psicologia, 

laboratório e administração. Todos com a mesma importância, no sentido

de que, se qualquer peça dessa engrenagem que não funcionar, o todo será comprometido.  À todos estes profissionais, heróis durante a

pandemia e heróis do cotidiano, expresso aqui, em nome de toda sociedade, nosso

orgulho e um sincero  MUITO OBRIGADO!

Falando, por fim, da árida e implacável seara

administrativa, deixo, à guiza de conscientização, a informação de que o Centro

de Terapia Intensiva é deficitário e gera um prejuízo mensal de cerca de 257

mil reais que precisa ser equacionado com muita competência. Mas, como costumo

dizer aos meus corajosos (ou loucos) colegas da administração da Santa

Casa,  em saúde as premissas aritméticas

das ciências econômicas têm que ser relativizadas. Afinal, o humanismo, marco

civilizatório que nos diferencia como sociedade, não é negociável, pois, para

além dele, resta somente a barbárie.

Assim, tenho a convicção de que a Santa Casa, por escolha da

sociedade, apesar de todas as imensas dificuldades inerentes, seguirá lutando

para oferecer sempre uma excelente assistência, focada principalmente da

preservação da dignidade do ser humano.

Dedico esta pequena coluna a todos aqueles que lutaram e

acreditaram que esse momento aconteceria. É impossível citar a todos devido à

necessária brevidade do texto, mas a história e a consciência coletiva

guardarão para sempre seus nomes. Abraço a todos.

 

Denilson Diniz dos Santos

Médico e Vice-Presidente Voluntário da Santa Casa de Bom

Despacho

 

Um breve relato real acerca do CTI da Santa Casa de Bom

Despacho:

‘’Meu nome é Sara Muniz Soares e meu pai, Herivelto,

precisou ficar internado na Santa Casa de Bom Despacho por 38 dias. Nesse

momento de muita preocupação, medo e exaustão, a forma como eu e minha mãe

fomos tratadas pelo pessoal do hospital foi essencial para que conseguíssemos

passar por essa luta.

Assim que entramos no Ambulatório, a eficácia dos

profissionais na triagem foi muito importante para que meu pai recebesse os

cuidados certos no momento exato. E eu sou muito grata por isso.

Ao descer para a sala vermelha, um acontecimento que

desestabiliza qualquer pessoa, fomos bem amparadas pela equipe de enfermagem e

pelos médicos que colocaram a situação nos trilhos, mesmo sendo um caso grave.

Enquanto aguardávamos uma vaga no CTI, a enfermagem garantiu

que ele tivesse o melhor tratamento e a equipe de médicos tirou todas as nossas

dúvidas. Além disso, o time que faz toda a burocracia da procura de vagas fez

de tudo para conseguir que ele fosse atendido o mais rápido possível.

Com a graça de Deus, a vaga saiu para o CTI de Bom Despacho.

Continuaríamos ali recebendo aquele apoio e suporte tão aconchegante em tempos

difíceis, pertinho de casa, podendo visitá-lo todos os dias.

Não sabíamos que seria uma luta longa e complexa, cheia de

altos e baixos, e é por isso que eu me sinto na obrigação de demonstrar todo

meu agradecimento.

No CTI acompanhei muitas histórias, umas com finais felizes

e outras não e a presença de psicólogas foi de extrema importância para

aprendermos a lidar com tudo que víamos.

A equipe de enfermagem do CTI é simplesmente maravilhosa. A

paciência, o cuidado com o paciente e o carinho com os familiares era

reconfortante. Eu sabia que ao virar as costas e ir pra casa eu poderia confiar

que meu pai estava recebendo os melhores cuidados pelas melhores mãos. E foi

assim mesmo que aconteceu. Os médicos ali presentes se mostravam muito

prestativos, sempre dispostos a tirar todas as dúvidas, mesmo aquelas que pareciam

bobas e leigas.

Nossa jornada durante esses 38 dias até o momento que

recebemos a notícia de alta do CTI foi desgastante, mas passaríamos por tudo

novamente por ele. Eu vi a alegria real nos olhos dos médicos e enfermeiros de

ver meu pai saindo daquela situação grave e indo para a enfermaria receber os

últimos cuidados antes de ir para casa.

Nesse momento entra a equipe da enfermaria, que nos auxiliou

nos primeiros cuidados pós-internação de forma excepcional e garantiu o bem

estar do meu pai nesses últimos dias.

E é claro que durante esse período, eu não poderia deixar de

agradecer o pessoal da recepção, a equipe da limpeza, da cozinha, da lavanderia

e a ate mesmo a administração da Santa Casa. Todos ali estiveram presentes,

direta ou indiretamente, na cura do meu pai. Eu não consigo nem agradecer,

tanto pelos cuidados quanto pelas demonstrações de preocupação com a saúde

dele.

Um lugar que muitas vezes é esquecido pelo Estado e agrupa

pessoas em sofrimento, acabou sendo muito acolhedor de uma forma tão honesta

que me fez escrever esse texto. É pouco diante do quão agradecidos nós estamos.

Ter minha família juntinha de novo aquece meu coração e me

faz ser grata todos os dias.

Muito obrigada ♡’’

 

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