
2016 chamou a atenção de especialistas. Nesse período, a incidência por ano do
câncer da glândula tireóide registrou uma elevação de 8,8%, o de próstata 5,2%
e o de cólon e reto 3,4%. Os dados fazem parte do estudo elaborado pelo
Observatório de Oncologia, que teve como tema Câncer antes dos 50: como os
dados podem ajudar nas políticas de prevenção.
Data em Oncologia, que ocorreu no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. O
encontro foi organizado pelo Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC).
tipos da doença. O maior percentual foi de câncer no corpo do útero, que subiu
4,2% por ano; seguido por cólon e reto com 3,2%, mama 2,5%, cavidade oral 1,2%
e colo de útero 1%.
Leucemia (Abrale), Merula Steagall, disse que após pesquisas da Sociedade
Americana de Câncer, divulgadas em fevereiro, nos Estados Unidos, identificando
a ligação entre obesidade e o aumento nos casos de câncer em indivíduos mais jovens,
especialistas do Observatório de Oncologia, que pertence ao TJCC, se dedicaram
ao estudo para verificar o que ocorria no Brasil e analisaram dados gerados no
setor de Saúde. Foram analisados dados do DATASUS e do Inca.
políticas que podem ser adotadas pelos gestores e impedir que a tendência tenha
um crescimento maior.
relacionados ao tipo de vida. A gente está pressupondo que álcool, tabaco,
alimentação não saudável e falta de prática de exercício podem estar refletindo
no aumento de incidência”, detalhou Merula Steagall.
porque as pessoas procuram o tratamento em estágio avançado da doença. ”Como se
espera que o câncer é uma doença depois dos 50 anos mais predominantemente,
porque as células estão mais envelhecidas e começa uma produção irregular que
acarreta no câncer, a pessoa entre 20 e 50 não está atenta para isso. O sistema
não facilita o fluxo para ir rápido para um diagnóstico”.
para esses números: a falta de acesso a informações e aos tratamentos. “Esse
fator da demora de acesso a um especialista e a um centro adequado também
acarreta na mortalidade e a pessoa perde o controle da doença”, contou.
avanços, então, para o especialista é triste verificar que o progresso
científico não teve impacto na vida das pessoas. “Não teve resultado para muitos
tipos de cânceres. Dos 19 analisados, 10 aumentaram a mortalidade”, observou,
destacando a importância da mídia no alerta e na divulgação da vida
saudável.
pessoas jovens acham que a mortalidade para elas está distante. Falo isso como
uma pessoa com doença genética e como a morte estava sempre próxima sempre me
cuidei, me tratei, procurei fazer esportes e tive alimentação saudável. É
importante alertar porque precisamos planejar o nosso envelhecimento.”
diagnóstico precoce. Ao fazer um exame de rotina para verificar um histórico
familiar de hipotireoidismo ficou constatado, mesmo sem ter sintomas, que tinha
câncer na tireóide. A avaliação foi há 12 anos, o tratamento foi feito, o tumor
sumiu, mas dois anos depois voltou. “Precisei fazer novamente o tratamento. Foi
uma coisa bem inesperada para a situação do meu diagnóstico naquele momento”,
revelou.
pôde ver o quanto é relevante o impacto nos resultados dos tratamentos. A
médica reforçou a necessidade de ter bons hábitos alimentares e físicos. “Para
mim, isso foi muito importante e adaptar ao meu dia a dia. Hoje eu repercuto
muito isso como profissional de saúde e estudo tudo. Uma das minhas linhas de
estudo é a atividade física, então, mudou muito a minha forma de ser
profissional depois de ter passado por isso”, indicou.
com o Ministério da Saúde para a definição, entre outras medidas, de maior
divulgação de informações sobre o que é a doença, como pode ser diagnosticada e
quais são os fatores de risco.
disponibilidade de tratamento entre as regiões do país, com maior dificuldade
no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste. O diretor do Departamento de
Informática do SUS (DATASUS/SE/MS), Jacson de Barros, que participou dos
debates, reconheceu que é preciso qualificar mais as equipes de atendimento,
que podem apresentar um diagnóstico precoce, facilitar o tratamento e em muitos
casos evitar a morte do paciente. Para ele, isso pode também reduzir as
sub-notificações. “A gente quer mudar a forma de disponibilizar os dados do
DATASUS para que todo mundo consiga além do acesso, poder fazer estudos
longitudinais, acompanhar o desfecho. A ideia é aprimorar todo esse sistema”,
disse.
adequado da informação. Um estudo do ano passado dos hospitais que têm mais de
50 leitos mostra que mais da metade não tem prontuário eletrônico, ou seja, faz
o básico quando o paciente entrou, se precisou ficar internado e quantos dias
permaneceu na unidade, mas não é feita uma análise clínica. “Mesmo assim, com
as informações que a gente tem ainda dá para sair muito suco de laranja, mesmo
não tendo as informações clínicas”, afirmou.
informação, ao diagnóstico e ao tratamento, o diretor disse que o Ministério da
Saúde está fazendo um mapeamento para adequar o primeiro atendimento a fazer o
registro adequado. “Será um mapeamento baseado na classificação do IBGE, e para
cada região vamos subsidiar soluções para investimento de infraestrutura na
ponta e para melhor atender e registrar”, disse.
Ag. Ebc Brasil